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A missão da Casa do Arroz é a promoção da fileira do arroz e mais especificamente do arroz Carolino. São nossos associados: a Associação de Orizicultores de Portugal (AOP), a Associação Portuguesa dos Orizicultores de Portugal (APOR), a Associação Nacional dos Industriais de Arroz (ANIA) e a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), esta última sócia honorária.
O associativismo é muito importante. A aprovação, em 2017, de uma nova legislação (DL 157/2017) para comercialização e rotulagem do arroz foi possível graças à união de esforços da produção e da indústria. A legislação em vigor tipifica o que é um arroz Carolino e um arroz Agulha, distinguindo-os dos outros tipos de arroz para que não haja misturas ilícitas e o consumidor tenha garantias sobre o que está a consumir. Deste esforço de fileira resultou também o desenvolvimento de duas novas variedades portuguesas de arroz: o Ceres (Carolino) e o Maçarico (Agulha). É o fruto de um trabalho de I&D, liderado pelo COTArroz/INIAV, em que participam parceiros públicos e privados, e que é para continuar. O que nos falta é promover o arroz Carolino nacional junto do consumidor, para que haja uma valorização do produto.
Pedro Monteiro | Presidente da Casa do Arroz
As expectativas são enormes. Os testes realizados com o Ceres, tanto no campo como nas fábricas, demonstram que tem um bom rendimento. A mais importante de todas foi a prova de degustação: é provavelmente um dos melhores Carolinos que já alguma vez provámos! Tem um potencial gastronómico fabuloso e vai ser um sucesso estrondoso!
Está na fase de multiplicação de semente em grande escala, para se aferir a estabilidade das suas características genéticas no campo. Prevê-se que chegue à fase comercial dentro de dois anos. Será necessário lançar uma campanha promocional para que o Ceres seja valorizado ao longo de toda a fileira do arroz e que todos possam ganhar um pouco mais com esta variedade. A ideia é apresentar um arroz diferenciado, de grande qualidade, que o consumidor valorize, mas que ainda assim seja acessível a um preço competitivo.
Estamos a trabalhar num modelo de comercialização que crie um equilíbrio no acesso às variedades portuguesas, sem excluirmos o acesso a ninguém e de modo a que os royalties gerados com a venda revertam para a investigação de novas variedades de arroz. Outro dos objetivos é que o agricultor tenha uma vantagem de preço e qualidade ao comprar estas variedades, face às importadas.
Campo de arroz Carolino da variedade Ceres
Acreditamos que o arroz Carolino pode vir um dia a ombrear com o Risoto. No curto prazo, o nosso objetivo é promover o arroz Carolino no mercado interno, mas não existem apoios nacionais para este tipo de promoção. A Comissão Europeia tem linhas de apoio para promover o arroz europeu. A Casa do Arroz está a estabelecer contactos com França, Espanha e Grécia para encontrar um parceiro de candidatura, o que facilitará a aprovação do projeto.
O nosso objetivo é promover o arroz nos países do Norte da Europa, onde o consumo de arroz per capita é reduzido. Queremos educar o consumidor e explicar-lhe que no Sul da Europa se produz arroz da melhor qualidade. Consumindo arroz local reduz-se a pegada de carbono, favorecem-se as zonas húmidas da UE, que são habitat de aves migratórias, estimula-se a criação de emprego e de riqueza. Por outro lado, se o arroz europeu ganhar quota no mercado interno contribuiremos para reduzir as importações de arroz oriundo de países terceiros, que não paga direitos aduaneiros de entrada no Mercado Único. Atualmente este é um problema grave para a venda do arroz europeu, sobretudo em Itália, onde há 600.000 toneladas de arroz em stock.
60% de grau de autoaprovisionamento já é excelente, quando comparado com os outros cereais! Em média produzimos 30.000 hectares de arroz em Portugal e há uma limitação física ao aumento desta área. Eventualmente, poderemos chegar aos 34.000 hectares, aproveitando terras marginais nas bacias dos rios ou caso parte da área de tomate seja substituída por arroz nos perímetros dos rios Tejo e Sorraia. Pensamos que este ano a área de arroz pode ter aumentado nesta região, mas aguardamos os dados oficiais. A outra via possível para conseguir aumentar a produção é conseguir mais toneladas/hectare nas áreas atuais, usando variedades mais produtivas, mais resistentes aos efeitos do clima, às pragas e às doenças, e conseguir maior valor por tonelada. O ideal seria que no futuro toda a área nacional de arroz fosse semeada com Carolino!
Essa é uma questão europeia e muito grave. Estamos a importar arroz branqueado, muito dele já embalado, de países terceiros, sobretudo Myanmar e Camboja, que não paga direitos de entrada no espaço comunitário. As federações europeias de arroz reclamam a criação de uma cláusula de salvaguarda que reponha os direitos de importação, mas nada está garantido por parte da Comissão Europeia. É neste contexto que se justifica uma campanha de promoção do arroz europeu no mercado interno, que sairá mais barata do que uma guerra comercial com aqueles países.
Há cinco anos Portugal tinha grandes stocks de arroz que conseguiu escoar por via das exportações para a Turquia, Líbano, Síria, Israel e países do Golfo Pérsico. O conflito na Síria, que deixou de produzir todos os bens alimentares essenciais, foi benéfico para as exportações portuguesas. Estes países desconheciam o arroz português, mas gostaram e voltaram a comprar. Em 2017 exportámos 80.000 toneladas (quando em média exportávamos 30.000 toneladas), no valor de 40 milhões de euros (27 milhões euros em arroz branqueado, pronto a consumir). O valor médio de cada tonelada exportada é de 520 euros (600 euros no caso do arroz branqueado). É um valor muito interessante, atendendo ao volume exportado.
O mercado nacional está muito maduro, qualquer aumento de vendas só é possível com uma campanha promocional forte para que o consumo inverta a tendência atual, saindo do arroz Agulha e Basmati e regressando ao arroz Carolino. A via de exportação é atualmente mais fácil para resolver o escoamento do arroz nacional. Sem dúvida que as exportações são o grande motor do setor, mas o mercado internacional é volátil. Tal como os italianos se escudam no Risoto para obter maior valor, Portugal deve focar-se no Carolino.
O setor produtivo do arroz emprega 2000 agricultores e gera um volume de negócios de 60 milhões de euros. A indústria transforma (10 fábricas, 7 com capitais exclusivamente nacionais) 180.000 toneladas de arroz e emprega 500 trabalhadores, gerando um volume de negócios de 160 milhões de euros. Somando produção e indústria chegamos aos 220 milhões de euros.
Arroz Carolino Branqueado
Esta Estratégia contou com a participação de um dos nossos associados – a AOP – e a fileira do arroz foi ouvida. Achamos que as medidas são adequadas, agora o país deve encontrar os meios para as executar. Sem promoção das variedades nacionais e do arroz português não conseguiremos chegar aos 80% de autoaprovisionamento de arroz em Portugal. Para crescer temos que promover!
Há uma grande preocupação dos produtores europeus pela crescente limitação de substâncias ativas autorizadas para combater as pragas, doenças e infestantes na cultura do arroz. Foram praticamente banidos os fungicidas à base de triciclazol, usados no controlo da Piricularia, uma das principais doenças que afeta os arrozais. E não há substâncias ativas alternativas. O limite do LMR de triciclazol aceite no arroz, que era de 1,0 mg/kg (no Japão e nos EUA é de 3,0 mg/kg) passou para 0,01 mg/kg (o chamado limite de deteção ou “zero técnico”) na UE. Sem uma solução que combata eficazmente a Piricularia pode estar em causa a redução de 40% a 50% do arroz produzido na Europa. Esta situação poderá criar graves problemas no futuro, quer ao arroz europeu, quer ao arroz importado. Os custos de contexto económico na fileira são um grande problema à sua expansão natural, nomeadamente o custo da água e dos produtos fitofármacos, que têm aumentado muito e também limitam a atividade agrícola, para além dos elevados custos energéticos que afectam toda a fileira negativamente.
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